Num oceano de escassez ofensiva e de vontade, o Benfica complicou a sua vida, sem necessidade, e apenas foi salvo por uma grande penalidade na ponta final dos descontos, acabando por vencer um corajoso Toulouse por 2-1, mas deixando tudo em aberto para a 2ª mão do play-off de acesso à fase a eliminar da Liga Europa.
Depois do desapontante empate com o Vitória SC (2-2), o Benfica iniciava a sua campanha nesta edição da Liga Europa, com o objetivo de avançar para a fase a eliminar. Do lado encarnado, Roger Schmidt promovia duas alterações no onze inicial, com as entradas de Álvaro Carreras e Arthur Cabral para os lugares que pertenciam a Bah e Morato. Já do lado do Toulouse, o treinador Carles Martínez apresentava um onze inicial esperado, com exceção para a inclusão de Suazo a médio esquerdo (habitualmente lateral).
As 🦅águias empataram, sempre, frente a equipas 🇫🇷francesas após um nulo ao intervalo na 🏟️Luz para a Taça/Liga Europa:
2024 🇫🇷Toulouse (?-?)
2010 🇫🇷Marseille (1-1)
1997 🇫🇷Bastia (0-0)
1978 🇫🇷Nantes (0-0) pic.twitter.com/ObTFIBPTDW
— Playmaker (@playmaker_PT) February 15, 2024
Como seria de esperar deste Toulouse, pelo que tem demonstrado esta época, os comandados de Carles Martínez tentaram mostrar-se com bola nos primeiros minutos, construindo a partir de trás com uma linha de três defesas - lateral Desrel a juntar-se aos médios e a formar um 3x4x2x1. Os gauleses tentaram ter bola, mas rapidamente se percebeu as suas fragilidades em ligar jogo pelos médios e as dinâmicas alteraram-se.
Defensivamente, por sua vez, o Toulouse defendia com uma linha de cinco (Suazo era apenas um falso médio esquerdo e juntava-se constantemente à defesa) e com todos atrás da linha da bola, sobrepovoando claramente o miolo, onde os médios defensivos e ofensivos se aglomeravam. Perante isto, o Benfica pôde assumir as rédeas do jogo, mas tinha que se preocupar com as transições francesas, onde Gboho ia sendo o vagabundo da frente e Dallinga o pivot que fazia mexer o ataque, arrastando os centrais e jogando nos apoios.
Apesar disso, o Toulouse foi tentando pressionar alto na primeira fase de construção do Benfica, mas também se mostrava algo maleável pelo meio e o Benfica tinha espaço para a transição, embora não estivesse a conseguir chamar devidamente a jogo João Mário e Di María. Rafa era o mais ativo e perigoso e o que melhor estava a perceber que as diagonais deixavam a defesa do Toulouse desconfortável. De resto, foi o avançado luso quem criou a melhor oportunidade da 1ª parte, atirando à barra aos 35', numa transição rápida, após remate colocadíssimo na esquerda da área.
Pedia-se mais e melhor do Benfica na 2ª parte e, numa primeira instância, vimos Álvaro Carreras mais ativo nos movimentos interiores pela esquerda, o que libertou Rafa, mas a verdade é que os encarnados se depararam com um Toulouse bem mais pressionante, em bloco, e tiveram claras dificuldades com bola e na construção. Foram 15 minutos sufocantes para o Benfica, as bancadas da Luz percebiam a equipa desconfortável e Roger Schmidt também, de tal modo que fez entrar Neres e Bah, aos 59', para saída de João Mário (completamente desaparecido) e Álvaro.
Rapidamente se viu que Neres dava uma dinâmica ofensiva bem distinta de João Mário, a equipa cresceu com bola e foi pressionando, mas acabou por ter alguma sorte à mistura, visto que aos 64' Logan Costa abordou muito mal um cruzamento e acabou a fazer mão na bola na sua área. Chamado a bater, Di María não tremeu e iluminou a escuridão que estava a ser a noite das águias.
Estava tudo em aberto para a ponta final, mas havia ainda tempo para o Benfica sair da 1ª mão com uma vitória. Contudo, foi o Toulouse quem mais se mostrou confortável na partida, tanto na defesa, onde se resguardava, como no ataque, onde esperava pela transição. O Benfica, por sua vez, estava preso a individualidades desaparecidas e nem mesmo a entrada (tardia) de Marcos Leonardo parecia salvar o Benfica. Até o adepto mais otimista estava já desesperado e, aos 90+5, surgiu novo penálti para salvar a águia desinspirada. Di María voltou a assumir e converteu com sucesso, para a vitória do Benfica.
Fica, no entanto, tudo em aberto para a 2ª mão e este Benfica terá que ser muito mais águia para continuar na Europa....
O lituano Donatas Rumsas tentou dar fluidez ao jogo e não abusar na admoestação de amarelos, mas o excesso de faltas do Toulouse obrigou-a a isso. Contudo, não perdeu o controlo do jogo. Ambas as grandes penalidades são bem assinaladas, embora a primeira tenha demorado demasiado tempo a ser confirmada.
Personalizado e com coração, o Toulouse fez vida muito difícil a um Benfica preso às individualidades e sai da Luz com a eliminatória bem em aberto. Até podem viver tempos atribulados a nível interno, mas mostram que têm vida para dar e vender na Liga Europa. Já o tinham feito na fase de grupos.
A entrada de David Neres ainda mexeu com a equipa, mas este Benfica mostrou muito pouco na larga maioria do jogo. Esteve preso a individualidades (que pouco apareceram) e pareceu sempre querer menos que os adversários. Precisam de bem mais para não sair precocemente da Europa.