Numa grande noite europeia na Luz, o melhor momento deu-se ao intervalo. De Paneira a Sheu, passando por Álvaro ou Carlos Manuel, muitas glórias de outros tempos formaram um corredor para homenagear o mítico treinador sueco, a contas com uma doença que lhe permitirá apenas mais uns meses de vida. Sentiu-se emoção, viram-se muitas lágrimas e cantou-se, a plenos pulmões, como se na antiga Luz estivessem os milhares que não arredaram pé. Aí, igualaram-se noites como a que levou os encarnados a uma final europeia, frente ao Marseille. Durante o jogo, o ambiente até pode não ter sido tão infernal, mas esteve a uma boa temperatura. E, em campo, a equipa distanciou-se do adversário.
A vantagem que as águias levam para o Vélodrome até podia ter sido mais dilatada. Seria, por alguns períodos do jogo, justo que isso acontecesse, só que as águias, contra um adversário a viver momento conturbado (foi a quinta derrota seguida), vacilou quando já não se contava.
Nunca se viu Aursnes de olhos para a bancada, mas as zonas ocupadas no campo fizeram com que o Marseille canalizasse para aquele lado alguns dos ataques iniciais. Depois, também pelo corredor central teve algum espaço para situações promissoras. Mas foi só Florentino e João Neves, dupla que se cimenta nesta fase final de época, acertarem o bloqueio para que o Benfica passasse a dominar por completo.
Sem surpresa, o golo de Rafa chegou, acompanhado de um bom envolvimento de Tengstedt, o avançado que só da baliza se desvia. Voluntarioso, trabalhador e muito dado ao jogo, teve mérito na assistência para o 27, tal como outras ações relevantes que teve - só mesmo frente à baliza não apresentou o mesmo nível.
Só que...
Se o mérito ofensivo esteve visível, mesmo que com a equipa a poder marcar mais, o defensivo voltou a ser menor. Depois de um longo período sem que os franceses conseguissem ir à baliza de Trubin com perigo (para além de muito diminuídos em termos anímicos), eis que surge o relançamento da eliminatória, num golo de Aubameyang em que António Silva ficou bastante mal na fotografia.
Regressou alguma intranquilidade, fruto de um período que é negativo, sobretudo pelos resultados, e que deixa a nu algumas debilidades. Renascido, o Marseille voltou a discutir o jogo e o Benfica, até aí bastante capaz coletivamente, regressou ao comum desta época: constantes bolas depositadas em Di María e Rafa Silva, ambos muito desgastados e sem o auxílio que se esperava de João Mário e Marcos Leonardo, entretanto lançados para jogo.
Uma vez mais, o Benfica ganha vantagem curta em casa. Uma vez mais, vai a França defendê-la.
Di María até pode ser, aqui e acolá, alvo de esporádica crítica, mas o empenho que tem corará de vergonha muito futebolista que se acha em plena pujança. Corre, finta, remata, pensa, passa, defende (ai se não defende...) como se de um jovem se tratasse. Di María faz jus à máxima de lidar com cada jogo como se do último se tratasse. Devia contagiar mais quem o rodeia...
Na segunda temporada na equipa principal, António Silva vai-se cimentando ao lado de Otamendi, mas tem corrido muito melhor a nível interno do que externo. Depois das duas expulsões na Liga dos Campeões, agora foi num lance em que tinha de ser mais agressivo e implacável que o português falhou.