Se for como nas últimas duas edições da Liga dos Campeões, o Real Madrid pode celebrar a conquista do troféu de forma prematura, uma vez que eliminou o Manchester City, campeão em título e candidato ao troféu, numa eliminatória que mereceu o selo de «final antecipada».
Depois dos blockbusters dos últimos anos e da semana passada, havia muita expectativa em torno de mais uma sequela deste confronto de gigantes. No fim, poucos terão ficado desapontados com o enredo.
Alien versus Predador; Batman contra Super-Homem; Godzilla e King Kong... Escolha o seu veneno, caro leitor! Certo é que cityzens e merengues, cada vez mais rivais à escala continental, se voltaram a encontrar para mais um thriller futebolístico que, como sempre, teve muita ação e um pouco de drama na mistura. Justo? Só se ambos pudessem seguir em frente...
Desde o arranque até ao fim da primeira parte, o fio condutor da história foi o mesmo. Bola cá e bola lá, sempre no controlo azul-celeste, enquanto o Real Madrid, num tom menos iluminado da mesma cor, assumiu as rédeas ao seu jeito: transições velozes, apoiadas em qualidade técnica e uma tremenda capacidade física dos elementos da frente.
Visitantes, que tanto queriam fazer esquecer o 4-0 de há um ano, em festa. Os da casa, como seria de esperar, ainda mais motivados. Havia jogo no Etihad e grande prova disso foi a chance que o Man City desperdiçou pouco depois, com Haaland a atirar ao ferro após defesa de Lunin e Bernardo Silva, num terceiro momento, a falhar uma baliza praticamente vazia.
Ciclo em repetição, este que tinha Manchester City como dono da bola e com um número de remates que foi quase sempre um múltiplo do total adversário, mas travado por Lunin, guarda-redes que foi tendo resposta para tudo, até para as geniais tentativas de golo olímpico de Kevin De Bruyne - um dos mais inconformados.
Para responder, o Real Madrid precisava de poucos toques e estava na sua praia. Ou pelo menos aparentava, já que o sobrolho de Ancelotti foi levantando na mesma medida que o domínio dos cityzens, que encostaram os espanhóis às cordas na segunda parte.
Transbordante felicidade nas bancadas e certamente também na cabeça do belga, que tanto tinha procurado levar a sua equipa ao golo. Continuou a fazê-lo, diga-se, tendo protagonizado algumas das maiores oportunidades até Daniele Orsato apitar para prolongamento.
Volvidas mais de duas horas de futebol, chegou a garantia de que a decisão sairia dos penáltis. Ederson evidenciou-se primeiro, adivinhando o lado perante a experiência de Luka Modric, mas depois foi a vez de Andriy Lunin. O guarda-redes ucraniano já tinha brilhado no tempo regulamentar (oito defesas!) mas agarrou uma má cobrança de Bernardo Silva e ainda mergulhou para defender o penálti de Kovacic, apontando o caminho para a vitória.
Antonio Rüdiger teve nova chance para ser o herói, com a bola do quinto e último penálti na sua posse, e não desperdiçou. Foi o alemão que atirou a contar e colocou o Real Madrid nas meias, onde defrontará o Bayern München!
O Real Madrid já levantou o troféu da Liga dos Campeões 14 vezes, o dobro do segundo maior total (Milan), mas tem agora caminho aberto para la decimoquinta! Se eliminou o Man City, maior obstáculo no caminho, então bem mais fácil será o Bayern nas meias-finais e, na final, um de Paris SG e Borussia Dortmund.
Não é fácil realinhar os objetivos e as expectativas de jogadores e adeptos depois de uma temporada em que foi conquistada a tríplice coroa, mas Pep Guardiola certamente contava ir além dos quartos de final. Ó domínio nesta segunda mão justificava uma vitória, mas agora é o campeonato que passa a ser uma obrigação.
Nada de negativo a apontar na exibição do juiz italiano Daniele Orsato.